Terminei esta semana uma formação em que o objetivo é resgatarmos a nossa essência, a nossa criança interior sem julgamentos, expondo as nossas vulnerabilidades e divertirmo-nos com isso.
Diverti-me muito, e o culminar foi o espetáculo em que em palco, e em grupo, tudo aquilo teve lugar. Foi mágico!
No final, os espectadores vieram dar-nos os parabéns e houve algo que me ficou: “Parabéns pela Coragem!”.
A palavra Coragem ficou a entoar na minha cabeça.
A minha intenção foi não foi ser reconhecida como corajosa, mas sim desafiar-me e vencer alguns bloqueios que tinha.
Esse reconhecimento do público fez-me sentir bem (claro!), mas mais ainda refletir sobre o oposto: o Medo.
O que leva alguém a não querer enfrentar os seus fantasmas?!
O que leva alguém a não querer enfrentar as pessoas sem levar uma armadura e expor as suas vulnerabilidades?
O que leva alguém a recusar olhar olhos nos olhos?
Podem existir muitas respostas, e eu vejo que todas elas se fundem numa: Medo.
O medo de ser visto autêntico, na sua essência.
Alguém que gosta muito de ter palco, de falar e ser o centro das atenções veio dizer-me que esta experiência não é para ele. Claro que para essa pessoa não é medo algum, afinal, ela adora falar para centenas de pessoas e cativar a sua atenção de uma forma única.
Mas vendo bem as coisas, com alguma profundidade, quem não tem medo expõe-se sem pensar, sem preparar gestos e piadas, olhares e emoções.
Quem não tem medo, porque se sente igual a qualquer outro, olha nos olhos e conecta-se. E depois deixa fluir. E flui naturalmente, com essência…
Quem não tem medo, afinal sabe que o tem, mas enfrenta-o e escolhe olhar para ele de frente, para o medo.
Porque expor a nossa vulnerabilidade e estar ali, sem rede, é despirmos as camadas de julgamentos que temos sobre nós e sobre quem nos rodeia, é conseguirmos deixar cair crenças que estão tão coladas a nós, que nos confundimos com elas.
Medo é não querer ver que nós não somos tudo isso, quando afinal somos muito mais que isso…